Com 16 empresas de grande e médio porte e uma retomada ainda lenta das atividades, o Polo Industrial de Arujá experimenta um momento novo, que além de planejamentos diários para se adaptar às novas normas, conter as perdas e evitar demissões, inclui a valorização do ser humano como o principal aprendizado imposto pela pandemia da Covid-19. Em entrevista ao Jornal de Arujá, Robersom Rozzi, presidente da APIA (Associação do Polo Industrial) diz que é difícil fazer previsões em meio a esta situação sem precedentes, mas destaca que quando a crise acabar, o empresariado estará mais voltado ao ser humano, valorizando mais o trabalhador, o mercado e o produto brasileiro.

“Falo por todos os colegas empresários da APIA quando digo que já passamos por crises diversas, mas esta é atípica, nenhum de nós sabia o que fazer exatamente e não sabemos quando efetivamente vai passar, mas estamos fazendo a lição de casa direitinho, pensando primeiramente no ser humano. Se antes fazíamos um planejamento semestral ou trimestral, agora o planejamento é diário, para adequação às medidas do governo, para garantir que nossos colaboradores que permanecem na fábrica tenham ambiente adequado para manter a saúde, e também para tratar com transparência a situação econômica”, disse.

Conforme antecipou Julia Araújo, analista de RH da RGR, o grupo de empresários adotou desde o princípio algumas medidas em conjunto, como o afastamento dos colaboradores que compõem o grupo de risco. “Antes a APIA contava com 1500 a 1600 colaboradores, hoje são cerca de mil. As empresas criaram turnos, para evitar as aglomerações. Além disso, uma série de cuidados foram adotados, como a distribuição de máscaras para todos, aferição de temperatura, disponibilização de álcool gel e até mesmo nos refeitórios houve instituição de turnos. Incluímos um auxílio para que funcionários que possuam veículos possam evitar o transporte público e vir de carro, oferecendo carona a pelo menos um colega próximo de sua casa”.

O mais importante, de tudo, segundo a analista de RH, tem sido a comunicação com colaboradores dentro e fora das fábricas. “Porque, além do medo da Covid, todos sofrem a angústia de não saber o que acontecerá. Precisamos ter um cuidado enorme, e procuramos conversar com todos, eliminando suas dúvidas dentro do possível, porque não temos todas as respostas” diz ela.

A secretária da APIA, Raquel Alves Santana, admite que demissões foram necessárias. “Foram adotadas redução de jornada e de salário, mas alguns, no setor de manutenção, por exemplo, sofreram demissões. Hoje não dá para saber se poderão futuramente serem readmitidos, e precisamos ter muita sensibilidade para tratar essas questões, visando não o lucro, mas a sobrevivência econômica”.

Nova consciência

Responsável pela RGR Conexões, fabricante de produtos pneumáticos e presidente da APIA, Robersom Rozzi diz que para que o país volte à normalidade é preciso que haja uma nova consciência por parte de todos. “O Brasil é um país que valoriza jogador de futebol e outras celebridades, fazendo deles seus heróis, mas a pandemia nos mostrou que os verdadeiros heróis são os médicos, enfermeiros, cientistas, aqueles que não recuaram na hora de nos atender nas emergências. Eles precisam ser valorizados. E de outro lado, todos precisamos agir com responsabilidade, porque os cuidados que temos conosco também respondem pela vida dos demais”, destaca.

Sobre a condução econômica do país ele lamenta a interrupção de um grande momento. “O Brasil estava num momento bom, pois o ministro da Economia, Paulo Guedes é um homem de visão extraordinária, estávamos animados, no pico da produção, mas infelizmente o vírus entrou em cena e tudo mudou. Compartilhamos sim dessa preocupação de que o empobrecimento da população com a quebra financeira que já estamos vendo no mundo todo, faz tão mal quanto o vírus, mas estamos unidos, atentos ao que podemos fazer e vendo também um lado positivo que fica de tudo isso, que é a solidariedade das empresas para com a comunidade. Como eu disse, não temos todas as respostas, mas estamos aprendendo lições importantes” finaliza.

Fonte: https://jornalvermelhinho.com.br/presidente-da-apia-acredita-que-apesar-das-perdas-pandemia-deixara-licoes-preciosas-ao-empresariado/